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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Anvisa quer banir drogas para emagrecimento


Foco são substâncias que atuam no sistema nervoso central

Em 2009, foram vendidas no Brasil 67.500 toneladas de sibutramina. Nos países da União Europeia a venda da droga já é proibida desde 2010
O reinado dos remédios emagrecedores está por um fio. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer banir a comercialização de todas as drogas usadas para emagrecer que atuam no sistema nervoso central: a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropiona e mazindol). A única droga para o tratamento da obesidade cuja venda deverá continuar liberada é o orlistate (Xenical), que atua diretamente no intestino, reduzindo em cerca de 30% a absorção de gordura.
Desde o ano passado, a Anvisa vem impondo novas regras que endureceram os critérios de venda da sibutramina. Estudos indicam que o consumo dessa substância aumenta o risco de problemas cardíacos. Ela deixou de ser vendida como medicamento comum e passou a integrar a categoria dos anorexígenos, remédios que exigem receita especial.
A proposta de proibir os emagrecedores foi anunciada a especialistas e entidades médicas da área na semana passada e será publicada nesta quarta-feira no site da agência, junto com um parecer técnico. Para médicos endocrinologistas que atuam no combate à obesidade, a medida é radical demais e vai deixar os pacientes sem opção de tratamento, já que o controle da fome e da saciedade ocorre no cérebro.
"Quase metade da população brasileira tem sobrepeso. Muitos pacientes não conseguem perder peso com o tratamento clínico convencional, que inclui dieta e exercícios físicos. Como vamos controlar a obesidade desses pacientes sem mexer no cérebro?", diz o endocrinologista Márcio Mancini, chefe do departamento de obesidade do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo.
Estudo - Os benefícios dos remédios não superam os riscos. Esse é o principal argumento que a Anvisa pretende usar na próxima semana, durante audiência pública, para convencer a classe médica de que é melhor proibir de vez o uso de medicamentos usados para emagrecer. Segundo Dirceu Barbano, diretor da agência, o assunto vem sendo discutido desde o ano passado, quando a União Europeia baniu a sibutramina. "Quase nenhum outro país tem sibutramina. As anfetaminas também estão diminuindo. E não há notícia de que isso piorou ou atrapalhou o tratamento da obesidade." Em 2009, foram vendidas no país 67.500 toneladas de sibutramina.
Segundo Barbano, a Anvisa fez um levantamento interno e concluiu que, por mais que o medicamento seja controlado e indicado apenas para pacientes com determinados perfis, não há evidências suficientes que demonstrem que a perda de peso supera os riscos cardíacos. "A nossa proposta, sustentada por uma extensa pesquisa, é de retirada imediata desses produtos do mercado. A não ser que consigam nos demonstrar com dados consistentes que estamos errados e esses remédios são bons e seguros", diz.

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